Os porquês do resultado eleitoral
No rescaldo da eleição presidencial, surgem por todo lado as mais variadas explicações para os resultados eleitorais.
Pessoas diversas tentam explicar a que se deveu a derrota de Mário Soares, mais a derrota deste e daquele, bem como a vitória de Cavaco Silva.
Por exemplo, num programa de Tv alguém referiu que Soares terá sido derrotado porque tem uma concepção da direita desfasada da realidade actual, que a direita que ele combateu nos tempos da ditadura não é mais a direita de hoje, que Cavaco Silva é um filho do 25 de Abril e blá, blá, blá...
Não há dúvida que explicações destas são autênticas pérolas de raciocínio, capazes de figurar ao lado das mais brilhantes construções filosóficas de que há registo. Só há um problema, é que independentemente de teorias assim poderem estar certas, não vejo o Zé povinho a orientar o seu voto baseado em raciocínios tão complexos. Os resultados eleitorais terão portanto de possuir uma explicação tão simples, como simples é a maioria dos eleitores que geram esses mesmo resultados.
As causas andarão perto de coisas como, por exemplo:
- A idade avançada de Soares.
- A forma como se procedeu à escolha do candidato oficial do PS.
- O facto de Soares já ter sido presidente duas vezes e ter prometido que não voltaria à política.
- A lembrança de Cavaco Silva como tendo sido um 1º ministro competente e capaz de ajudar a vencer a actual crise económica.
- A forma cuidada como Cavaco Silva se preparou para esta eleição, falando pouco e fazendo uma boa gestão do tempo.
- O facto de não haver mais candidatos de direita.
- A tendência para gerar uma maioria presidencial de sinal contrário à maioria parlamentar do momento.
- A simpatia de Jerónimo de Sousa.
- O discurso repetitivo de Louçã.
- A impopularidade do governo e Mário Soares ser o candidato oficial da maioria.
- Uma aversão crescente aos partidos políticos e a candidatura autónoma de Manuel Alegre.
- O ser-se de esquerda e preferir Manuel Alegre a Mário Soares numa eventual 2ª volta.
- Um número elevado de eleitores de esquerda não comunista que não se identificam com a direcção actual do PS.
- A capacidade (ou incapacidade) de mobilização por parte das diferentes candidaturas.
Estas são algumas das pistas (simples) que poderão explicar as eleições de Domingo e as reacções do povo. Tudo o mais é filosofia.
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