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20.12.06

Palhaço triste

2005 tinha sido um mau ano, entrei em 2006 com esperança de que este fosse um ano melhor.
No entanto, 2006 revelou ser o pior ano da minha vida.
Em Março, morreu a minha sogra e hoje, foi o funeral da minha avó. Neste ano, a empresa onde trabalhava faliu (felizmente já arranjei novo emprego) e o meu sogro tem uma doença muito grave.
Gostaria que 2007 fosse um bom ano, mas não tenho esperança nenhuma. As perspectivas são francamente más.
Tentaremos fazer das tripas coração. Muitas vezes, eu próprio fico admirado como consigo fazer rir os outros quando tão grande é a minha tristeza interior.
Quanto maior a dor, maior a palhaçada. Mas detesto sofrer, detesto tristeza e infelicidade. Nunca compreendi Kafka.
Este Natal queria uma luz ao fundo do túnel, será pedir muito ?

13.2.06

Neville Chamberlain nunca mais.

Não faz sentido analisar a questão dos cartoons dinamarqueses isoladamente. Não se trata de analisar se são de bom ou mau gosto; se cabem ou não nos limites da liberdade de expressão. Porque os cartoons são um episódio que pertence a um todo muito mais vasto ao qual, provavelmente um dia será dado o nome de 3ª Guerra Mundial.
Seja assim ou não, o facto é que tanto os cartoons, como as reacções no mundo maometano não acontecem por acaso. Existe actualmente uma radicalização de posições e um ódio cada vez mais feroz da civilização islâmica contra a civilização judaico-cristã.
O mais grave, contudo, é a dificuldade que alguns sectores do mundo ocidental demonstram em não perceber que de facto existem forças fanáticas muçulmanas determinadas em destruir-nos, bem como a nossa civilização, independentemente das atitudes tomadas por nós.
A propósito dos tais cartoons, é espantoso como foi possível alguns sectores importantes do nosso lado terem tido a atitude de condenar os cartoons, colocando-se numa posição claramente pró-muçulmana.
Trata-se de não ter a mínima noção daquilo que se é, ou do lado a que se pertence, independentemente de se achar que as caricaturas são ofensivas. Algumas declarações são tão bizarras, como bizarro seria judeus possuirem simpatia pelo nazismo.
Depois das Torres Gémeas, dos atentados de Madrid e Londres, o que será necessário acontecer mais para se perceber que os muçulmanos estão em guerra connosco ?

27.1.06

Os porquês do resultado elitoral

Os porquês do resultado eleitoral
No rescaldo da eleição presidencial, surgem por todo lado as mais variadas explicações para os resultados eleitorais.
Pessoas diversas tentam explicar a que se deveu a derrota de Mário Soares, mais a derrota deste e daquele, bem como a vitória de Cavaco Silva.
Por exemplo, num programa de Tv alguém referiu que Soares terá sido derrotado porque tem uma concepção da direita desfasada da realidade actual, que a direita que ele combateu nos tempos da ditadura não é mais a direita de hoje, que Cavaco Silva é um filho do 25 de Abril e blá, blá, blá...
Não há dúvida que explicações destas são autênticas pérolas de raciocínio, capazes de figurar ao lado das mais brilhantes construções filosóficas de que há registo. Só há um problema, é que independentemente de teorias assim poderem estar certas, não vejo o Zé povinho a orientar o seu voto baseado em raciocínios tão complexos. Os resultados eleitorais terão portanto de possuir uma explicação tão simples, como simples é a maioria dos eleitores que geram esses mesmo resultados.
As causas andarão perto de coisas como, por exemplo:
  • A idade avançada de Soares.
  • A forma como se procedeu à escolha do candidato oficial do PS.
  • O facto de Soares já ter sido presidente duas vezes e ter prometido que não voltaria à política.
  • A lembrança de Cavaco Silva como tendo sido um 1º ministro competente e capaz de ajudar a vencer a actual crise económica.
  • A forma cuidada como Cavaco Silva se preparou para esta eleição, falando pouco e fazendo uma boa gestão do tempo.
  • O facto de não haver mais candidatos de direita.
  • A tendência para gerar uma maioria presidencial de sinal contrário à maioria parlamentar do momento.
  • A simpatia de Jerónimo de Sousa.
  • O discurso repetitivo de Louçã.
  • A impopularidade do governo e Mário Soares ser o candidato oficial da maioria.
  • Uma aversão crescente aos partidos políticos e a candidatura autónoma de Manuel Alegre.
  • O ser-se de esquerda e preferir Manuel Alegre a Mário Soares numa eventual 2ª volta.
  • Um número elevado de eleitores de esquerda não comunista que não se identificam com a direcção actual do PS.
  • A capacidade (ou incapacidade) de mobilização por parte das diferentes candidaturas.

Estas são algumas das pistas (simples) que poderão explicar as eleições de Domingo e as reacções do povo. Tudo o mais é filosofia.

23.1.06

Mais uma derrota de Sócrates

Escrito neste blog a 14 de Novembro de 2005:

(...) preparemo-nos para escutar José Sócrates, na noite da derrota presidencial que se avizinha, fugir às suas responsabilidades políticas enquanto secretário geral do PS, afirmando que foi Mário Soares e não ele, nem o governo, a ser avaliado nas eleições presidenciais. Porém, a grande responsabilidade da escolha de Mário Soares como candidato presidencial é de Sócrates e a sua mais do que provável derrota eleitoral também. (...)

Não retiramos uma única vírgula ao que então, escrevemos. Mas que mais conclusões tirar do actual momento político ?

Em primeiro lugar, um NÃO do povo português a esta forma de estar na política que consiste em prometer uma coisa e depois fazer exactamente o contrário.
Por exemplo, prometer o não aumento dos impostos e depois subir o IVA para 21%. Tal como alguém prometer que não voltaria a ser candidato à presidência da República e depois, fazê-lo. Ou afirmar que apoiaria Manuel Alegre, caso este fosse candidato, e depois concorrer contra ele.
Daqui se conclui que honrar a palavra dada é, ainda, um valor sagrado para muitos portugueses e que a derrota verificada nas recentes autárquicas e nestas presidenciais só surpreenderá quem não entender o valor da honestidade intelectual, do imperativo de cumprir o que se promete e de se falar verdade aos portugueses.
É também um NÃO à forma pouco clara como se processou a escolha do candidato oficial do PS; um NÂO à arrogância de se pedir a desistência dos restantes candidatos da esquerda quando, na verdade, o candidato do PS não tinha chances de sucesso.

Da noite eleitoral, ressaltam as declarações a quente de Ana Gomes (está a tornar-se uma espécie de Alberto João Jardim do Largo do Rato ) e o momento infeliz em que Sócrates resolveu prestar declarações aos jornalistas, justamente quando Manuel Alegre discursava, provocando o fim da transmição em directo das televisões a partir da sede de Alegre. Este tipo de deselegância, hão-de julgar alguns que as pessoas são burras e não reparam, mas se calhar até notam e acaba por ser um tiro no pé.

Quanto ao futuro, Sócrates mostra-se tranquilo mas sabemos que os dias vindouros não serão assim. O secretário geral do PS tem uma pedra no sapato chamada Manuel Alegre.
Tentará ajustar contas e desfazer-se de Alegre, ou vai conviver com ele no seio do partido ?
Se Alegre sair, fundará um novo partido ? Quantos deputados do PS levará consigo ?
Se Alegre ficar, voltará a concorrer ao cargo de secretário geral ?
Qual o papel dos soaristas nesta luta interna dentro do PS ?
E Cavaco ? Será que vai realmente colaborar com o governo ou andará atento às sondagens acerca da popularidade do governo e assim que estas forem favoráveis ao PSD, fará a Sócrates o que Sampaio fez a Santana ?
Uma previsão parece certa: de uma forma ou de outra, Sócrates não vai chegar ao fim da legislatura !