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23.1.06

Mais uma derrota de Sócrates

Escrito neste blog a 14 de Novembro de 2005:

(...) preparemo-nos para escutar José Sócrates, na noite da derrota presidencial que se avizinha, fugir às suas responsabilidades políticas enquanto secretário geral do PS, afirmando que foi Mário Soares e não ele, nem o governo, a ser avaliado nas eleições presidenciais. Porém, a grande responsabilidade da escolha de Mário Soares como candidato presidencial é de Sócrates e a sua mais do que provável derrota eleitoral também. (...)

Não retiramos uma única vírgula ao que então, escrevemos. Mas que mais conclusões tirar do actual momento político ?

Em primeiro lugar, um NÃO do povo português a esta forma de estar na política que consiste em prometer uma coisa e depois fazer exactamente o contrário.
Por exemplo, prometer o não aumento dos impostos e depois subir o IVA para 21%. Tal como alguém prometer que não voltaria a ser candidato à presidência da República e depois, fazê-lo. Ou afirmar que apoiaria Manuel Alegre, caso este fosse candidato, e depois concorrer contra ele.
Daqui se conclui que honrar a palavra dada é, ainda, um valor sagrado para muitos portugueses e que a derrota verificada nas recentes autárquicas e nestas presidenciais só surpreenderá quem não entender o valor da honestidade intelectual, do imperativo de cumprir o que se promete e de se falar verdade aos portugueses.
É também um NÃO à forma pouco clara como se processou a escolha do candidato oficial do PS; um NÂO à arrogância de se pedir a desistência dos restantes candidatos da esquerda quando, na verdade, o candidato do PS não tinha chances de sucesso.

Da noite eleitoral, ressaltam as declarações a quente de Ana Gomes (está a tornar-se uma espécie de Alberto João Jardim do Largo do Rato ) e o momento infeliz em que Sócrates resolveu prestar declarações aos jornalistas, justamente quando Manuel Alegre discursava, provocando o fim da transmição em directo das televisões a partir da sede de Alegre. Este tipo de deselegância, hão-de julgar alguns que as pessoas são burras e não reparam, mas se calhar até notam e acaba por ser um tiro no pé.

Quanto ao futuro, Sócrates mostra-se tranquilo mas sabemos que os dias vindouros não serão assim. O secretário geral do PS tem uma pedra no sapato chamada Manuel Alegre.
Tentará ajustar contas e desfazer-se de Alegre, ou vai conviver com ele no seio do partido ?
Se Alegre sair, fundará um novo partido ? Quantos deputados do PS levará consigo ?
Se Alegre ficar, voltará a concorrer ao cargo de secretário geral ?
Qual o papel dos soaristas nesta luta interna dentro do PS ?
E Cavaco ? Será que vai realmente colaborar com o governo ou andará atento às sondagens acerca da popularidade do governo e assim que estas forem favoráveis ao PSD, fará a Sócrates o que Sampaio fez a Santana ?
Uma previsão parece certa: de uma forma ou de outra, Sócrates não vai chegar ao fim da legislatura !

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