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21.10.04

Os blogs em Portugal e no Brasil
Iniciei o meu primeiro blog em 2001. Na época, não conhecia nenhum blog português. A minha aprendizagem, na falta de referências lusas, fez-se naturalmente, com a "escola brasileira". O meu primeiro "mestre" foi o Iberê Rodrigues, que escreve o pic-ceu e que apesar de praticamente desconhecido, continua a ser para mim, o melhor blogueiro de língua portuguesa que li até hoje.
É evidente que este termo "escola brasileira", é algo muito amplo e de contornos difusos. Basta-nos comparar os "destaques" do Weblogger Brasil com os "Blogs of Note" do blogger.br para verificar que a "gurizada" (a gaiatagem) está quase toda no Weblogger e o pessoal mais velho, no blogger (uns no brasileiro, outros no americano) e que entre ambos, existem diferenças abismais. Mas ainda assim, penso que é real a existência dessa "escola brasileira", porque independentemente da idade do blogueiro, é comum aos blogs "made in brasil" a existência duma festa de cor e arte visual, que raramente encontramos paralelo nos blogs anglo-saxónicos, sempre austeros na sua aparência.
Comparando os blogs do Brasil com os de Portugal, diria que a grande diferença entre eles, deriva do enorme atraso que os portugueses sofrem em relação aos do Brasil.
Em Portugal, o movimento blog só agora começa a "mexer", enquanto no Brasil as coisas vão já naquela triste fase, que um dia Portugal também há-de viver, em que os blogs são algo tão comum que, até mesmo qualquer adolescente retardado, desde que se interesse por internet, tem o seu blog.
A tristeza reside, evidentemente, em o blog desses adolescentes consistir assim numa "coisa" com música e uma mistura anárquica de bonecada, erros grosseiros de ortografia e abreviaturas.
Em Portugal, muito boa gente ainda julga que um blog deverá conter textos repletos de pérolas literárias e ter uma utilidade superior qualquer, que não seja irmã daquela que leva multidões a fazer sexo sem objectivos de procriação: o mero prazer.
Pela minha parte, escrevo, leio blogs e faço amizade com blogueiras, como quem entra num autocarro (ônibus) e se lança numa agradável excursão turística. Só que neste caso, a excursão é fazer visitas pela vida, pela alma e por tudo o que calhar, fazendo como é normal em qualquer excursão, paragens pelos pontos de maior interesse (sexo, por exemplo ).
Ora uma excursão, mais do que do que visitarmos pela 23º vez o mosteiro da Batalha, o Santuário de Fátima, ou a Serra da Estrela, tem a sua grande piada nos amigos que nos acompanham também nessa viagem. É o tipo engraçado que conta umas anedotas ao microfone do autocarro; são as duas boazonas que vão sentadas no banco ao lado e a quem jogamos olhares; são as músicas pimba (brega) que ouvimos e cantamos todos animadamente. Assim é, também aqui, na excursão que é este blog, pois temos o Bob Bactéria, o Carlão, o Fenris, as meninas todas e temos até, aqueles mais velhos (os Fernandos) que, já muito experientes, não se deixam atemorizar com o título malandreco e enganador que este blog tem.
Se blogueiros portugueses aqui não há (ou muito poucos), a culpa não é minha. Chamo-os, eles é que não vêm.
Mas independentemente de me sentir à margem do mundo blogueiro português, tal não me impede de acompanhar a sua evolução e talvez até, por causa desse meu distanciamento, verificar com certa objectividade, o autismo de que muitos blogs portugueses padecem. Muitos vão ao ponto de não possuirem sequer links para outros blogs, nem sistemas de comentários. Tratam-se de blogs ensimesmados. Ora qualquer gajo que escreva um blog nessas condições, é como fazer amor... solitariamente e portanto, para mim, esse blog tem o valor que tem a mera masturbação (mental, passada a escrito). É triste.

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